Seleção Nacional: Um novo rumo para a “equipa de todos nós”

Texto originalmente publicado a 4 de Outubro de 2014, no site Futebol 365

Este texto resultou da colaboração semanal existente entre o Futebol 365 e este blogue . O objectivo desta parceria passa por pensar o futebol por um prisma pouco comum, ou seja, o da comunicação.

Nem de propósito. No dia em que escrevo este texto, Fernando Santos, o novo selecionador nacional, faz a sua primeira convocatória. Um novo ciclo começa com a vinda do antigo técnico do FC Porto, Benfica e Sporting. Mais do que saber que jogadores passam a fazer parte da seleção nacional, é importante perceber para onde quer caminhar a ‘equipa de todos nós’.

Paulo Bento saiu, Fernando Santos entrou para o seu lugar. Como sempre, quando acaba um ciclo, surgem esperanças e receios mas, sobretudo, alimentam-se expetativas. Esta é, sem dúvida, uma boa altura para mudar o que está mal e tentar alterar a imagem da Seleção Nacional, tantas vezes denegrida.

Muito deve ser feito. Por exemplo, as saídas de Carlos Queiroz e Paulo Bento não foram bem geridas. Queiroz foi completamente desrespeitado (independentemente da culpa que possa ter tido) na hora de dizer adeus ao cargo de selecionador nacional e a forma como Paulo Bento saiu também não foi a melhor.

A contratação de Fernando Santos pode servir de ponto de viragem na FPF (fonte da imagem: forcaportugal.com.pt)
A contratação de Fernando Santos pode servir de ponto de viragem na FPF
(fonte da imagem: forcaportugal.com.pt)

Paulo Bento afirmou mesmo, numa entrevista à RTP, que não tinha saído por vontade própria. Mas na apresentação de Fernando Santos, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, deu a entender o contrário, deixando ainda no ar que ao contrário do que Paulo Bento tinha afirmado todos os membros da direção da FPF, inclusive ele, foram unânimes em substituir Paulo Bento.

Todas estas contradições em nada beneficiam a ‘equipa de todos nós’. É necessário coerência e transparência. Os portugueses querem sentir que existe liderança e organização na Seleção Nacional. Não é bom para ninguém deixar pairar a ideia de que ninguém manda e que até Cristiano Ronaldo tem poderes para despedir selecionadores, como se foi lendo na Imprensa nos dias a seguir à saída de Paulo Bento. Muitas dúvidas ficam no ar. Quem não deve, não teme e em época de crise a comunicação faz ainda mais sentido. Enfiar a cabeça na areia e assobiar para o lado a ver se as coisas passam nunca trouxe resultados.

Este exemplo negativo é, infelizmente, um entre muitos. A chegada de Fernando Santos deve ser aproveitada para mudar o que de facto está mal e potenciar o que realmente é bem feito. A boa imagem de Fernando Santos e a sua enorme competência são indicadores que devem ser aproveitados para trabalhar de forma mais profissional.

É fulcral acabar com a ideia que o empresário A, B ou C tem determinado peso na estrutura federativa da Seleção Nacional. É importante voltar a ligar o povo português à Seleção Nacional. Com Fernando Santos existe essa possibilidade de mudança, assim os dirigentes da FPF o queiram. O passado não se apaga, mas o futuro deve ser planeado para que os resultados do presente sejam os mais positivos possíveis.

fonte da imagem de destaque: http://www.sportal.com.au