A importância do jogador nacional

A globalização do futebol e a Lei Bosman vieram alterar o panorama do futebol mundial. É, hoje, frequente ver equipas de futebol com pouco jogadores nacionais. Portugal não é excepção e, por cá, tem sido tema de discussão. Alguns treinadores já vieram alertar para a pouca aposta nos jogadores portugueses.  Afinal é ou não importante ter jogadores nacionais numa equipa?

Do ponto de vista desportivo é unânime afirmar que sim. No entanto, não é só o aspecto desportivo que beneficia com tal aposta. Existe uma maior ligação entre os adeptos e os jogadores portugueses (neste caso). Há uma maior identificação com aquilo que nos pertence, está provado que se tolera mais facilmente o erro daqueles que consideramos como “nossos”. Em caso de desaire pode ser importante. Tenho a certeza que os adeptos do Vitória de Guimarães, normalmente impacientes, têm maior tolerância, nas derrotas, pelo facto de a equipa ser formada por jovens jogadores portugueses.

O jogador nacional está desde muito cedo aculturado. Não necessita do chamado tempo de adaptação e defende os valores do clube como ninguém, até porque conhece melhor a história do emblema que representa do que um jogador estrangeiro, o que é perfeitamente natural. O futebol português tem feito o caminho inverso. Os nossos principais clubes (Benfica, FC Porto e Sporting) apostam cada vez menos no mercado nacional e somente em épocas de crise económica, como é a actual, é que se viram para o mercado interno.

Luisinho, mais um português dispensado do Benfica (fonte: ww.abola.pt)
Luisinho, mais um português dispensado do Benfica
(fonte: ww.abola.pt)

O caso do Benfica é paradigmático, O clube da Luz nas últimas temporadas decidiu apostar forte no mercado sul americano e descurou a formação e o mercado nacional. O Benfica compra internamente (Nelson Oliveira, Hugo Vieira, Carlos Martins, etc) mas depois não dá aos jogadores a oportunidade de brilharem com o emblema encarnado. Desde que Jorge Jesus é o treinador do Benfica, os jogadores portugueses têm sentido a necessidade de saírem para jogarem com regularidade. Uma situação que pesa sobre os ombros do técnico encarnado agora que a contestação é grande. 

É importante perceber que a prata da casa pode ser fundamental. Jesualdo Ferreira entendeu na perfeição esse conceito a época passada quando assumiu o comando do Sporting. Os jogadores portugueses querem brilhar internamente, muitas vezes mais do que os seus colegas estrangeiros. São eles que representam os valores do país e do clube. Num mundo globalizado é importante, mesmo fulcral, não esquecer as nossas raízes. No futebol a emoção sobrepõe-se quase sempre a razão. Ter jogadores nacionais numa equipa é saber aproveitar o estado emocional dos que envolvem o clube.

Fonte imagem de destaque: http://www.2.bp.blogspot.com

PSG: Como enfraquecer um treinador antes de o ter contratado

Texto originalmente publicado a 22 de Junho de 2013, no site Futebol 365

Este texto resultou da colaboração semanal existente entre o Futebol 365 e este blogue . O objectivo desta parceria passa por pensar o futebol por um prisma pouco comum, ou seja, o da comunicação.

Este fim de época tem tido no Paris Saint-Germain um dos pontos de maior noticiabilidade. Contudo, ao contrário do que aconteceu em temporadas anteriores, a formação parisiense não tem sido notícia pelas movimentações no mercado de jogadores, mas pela busca de um treinador. Vários nomes já foram apontados à sucessão de Carlo Ancelotti, que, é importante realçar, ainda não está oficialmente a caminho do Real Madrid. De Mourinho a Villas-Boas, passando por Capello, Mancini e Rijkaard, foram muitas as possibilidades avançadas até se chegar ao nome de Laurent Blanc, o último dos escolhidos. E esta verdadeira torrente mediática pode ter um impacto significativo na temporada que o PSG irá realizar.

Desde logo, o eventual sucessor de Carlo Ancelotti começará como uma solução de recurso. E caso se confirme do nome de Blanc, este enfrentará ainda um outro problema: é público que o projecto milionário dos parisienses procurou um treinador com uma reputação mundial, oriundo de uma escola conceituada como são exemplos a italiana ou a holandesa. Ora, este não é o caso do ex-defesa central francês. A carreira de Laurent Blanc, pelo menos como técnico, resume-se a uma passagem bem-sucedida pelo Bordéus e a uma campanha decepcionante ao leme na selecção gaulesa, no Euro 2012. A partir deste cenário não é difícil vislumbrar uma vida difícil para o futuro responsável técnico pelos campeões da Ligue 1.

A incapacidade que o PSG tem demonstrado para gerir a comunicação afigura-se como um dos principais responsáveis pela sensação de inconstância à volta desta matéria. Tudo é público: intenções, motivações e incongruências. Quando órgãos de referência no jornalismo sobre desporto fazem capas como aquela que o L’Équipe fez na passada quinta-feira, torna-se impossível não questionar em que patamar se encontra a formação parisiense no que concerne a eficiência e reputação. A “valsa dos não”, como escreveu o jornal, para além de fragilizar o sucessor de Ancelotti, também nos leva a interrogar quão atractivo é o projecto milionário do PSG. É caso para perguntar se, após muitos milhões de euros em contratações, o actual campeão francês já faz parte da elite do futebol europeu?

Fonte: ilcatenaccio.es
Fonte: ilcatenaccio.es

Fonte da imagem de destaque: goolfm.net