Texto originalmente publicado a 18 de Outubro de 2014, no site Futebol 365
Este texto resultou da colaboração semanal existente entre o Futebol 365 e este blogue . O objectivo desta parceria passa por pensar o futebol por um prisma pouco comum, ou seja, o da comunicação.
FC Porto-Sporting. Jogo grande, emoções ao rubro para a partida desta tarde para a Taça de Portugal. No entanto, quem esteve atento durante a semana à análise do pré-jogo terá percebido que pouco se falou de futebol. O foco esteve centrado numa única figura: Bruno de Carvalho. O presidente do Sporting não deixa ninguém indiferente, para o bem e para o mal.
Não é fácil definir um bom líder e não o é porque não existe um estilo único de liderança. Contudo, existem características comuns para se ser um bom condutor de homens. Ser ponderado, ser um bom ouvinte, saber motivar e tornar o trabalho interessante para quem o rodeia. Entre muitos outros, estes serão, talvez, alguns dos indicadores mais importantes na hora de liderar.
Não tenho dúvidas de que Bruno de Carvalho é um líder. Se é bom ou mau somente o tempo o dirá. O mandato do presidente do Sporting é ainda muito curto para se tirarem conclusões. Uma coisa é certa: Bruno de Carvalho não deixa ninguém indiferente e isso, quer se queira ou não, é sinónimo de liderança.
O presidente dos leões sabe estar presente e defender a equipa, algo que fazia falta ao Sporting desde a fraca liderança de Godinho Lopes. O Sporting precisava de uma figura assim, alguém que voltasse a colocar a equipa no radar dos media e que fizesse com que os leões não fossem olhados com indiferença. Na gestão do clube, Bruno de Carvalho também parece estar a fazer um bom trabalho e tem, de certa forma, cortado com o passado recente de contratações desastrosas e resultados desportivos paupérrimos da ‘era Godinho’.
No entanto, nem tudo é positivo.
Bruno de Carvalho tem aproveitado o espaço mediático que lhe dão para enviar alguns recados para dentro e para fora do clube. Nada disso seria errado se o presidente do Sporting não exagerasse na forma e no conteúdo das críticas. Dentro de portas o inimigo preferido é Godinho Lopes e a antiga direção sportinguista. Fora, o alvo a abater parece ser o FC Porto e Pinto da Costa. Várias vezes, Bruno de Carvalho disse não se rever no estilo de liderança e gestão de Pinto da Costa. Algo interessante já que quem analisa os dois estilos vê características similares.
O presidente leonino comete, de facto, alguns erros. Primeiro ao exagerar na frequência das críticas. Não é por repetir frequentemente as mesmas coisas que elas desaparecem ou se tornam mais verdadeiras. Às vezes, o silêncio é de ouro e saber usá-lo é sinónimo de inteligência e não de fraqueza. Outra lacuna no estilo de liderança de Bruno de Carvalho prende-se com o facto de ainda nada ter provado no futebol português. O presidente do Sporting ainda não ganhou nada e pode muito bem ter entrado pela porta grande e acabar por sair pela porta dos fundos, caso os resultados desportivos não acompanhem o seu discurso agressivo.
Bruno de Carvalho tem um estilo de liderança próprio, pois nem sempre se gosta da forma como diz as coisas e o momento em que ele as profere. O presidente dos leões não tem de deixar de lutar pelos interesses do clube de Alvalade, nem deixar de apontar o que está mal no futebol português. É bom que o faça, no entanto, a moderação de alguns comentários não é prejudicial e mostraria que tem bom senso, uma característica muito apreciada num bom líder.
Afinal de contas, na véspera de um FC Porto-Sporting, Bruno de Carvalho, com certas declarações proferidas nas últimas semanas, tornou-se maior que o próprio jogo e acabou por aquecer os ânimos para o embate entre dragões e leões. Algo que até o próprio Bruno de Carvalho, acredito eu, não queira, já que o futebol pertence aos seus protagonistas: jogadores e treinadores.
fonte da imagem de destaque: http://www.publico.pt
Deverá estar ligado para publicar um comentário.